Impulso
Acredito
por impulso!
Não
tenho o menor problema em acreditar nas coisas. Eu gosto é da possibilidade. Gosto de esticar uma formiga a grandura de um pinscher. Gosto de ver
um boi ao tamanhozinho de uma formiga!
Um
dia eu vi um boi copulando!
Achei
a maior briga para uns segundinhos de nada. Daí o boi desmontou e fez ar de
riso. Alguém disse que aquele boi valia ouro. Milhões. A vaca tinha sido premiada.
“Essa já está com um jesuizinho nas trompas”.
Aí
eu fiquei crendo no jesuizinho nas trompas. Dormi latejando se o jesuizinho era
mais pra boi ou mais pra gente humana. Mais de focinho ou mais de nariz.
Tia
Maria disse que aquilo era da maior heresia. “Creêndeuspai”. Puxou-me pra
parede branca. Ordenou que a olhasse a tarde toda. Queria que eu tivesse cura
das coisas mundanas. Tia Maria me purificava com rezas e matos. Tocos de velas
e água perfumada de alfazema.
Tia
Maria dizia que eu tinha um vazamento na cabeça. Precisava tapá-lo ou eu
cresceria charlatão. Aí eu já tinha a crença de ter a cabeça rachada. Eu já
acreditava de Tia Maria buscar durepoxi e tapar-me as tontices.